Poema dos Olhos da Amada
                          
                               Poema dos Olhos da Amada
  
  
  
  
  
  Ó minha amada
  
  Que olhos os teus
  
  São cais noturnos
  
  Cheios de adeus
  
  São docas mansas
  
  Trilhando luzes
  
  Que brilham longe
  
  Longe nos breus...
  
  
  
  Ó minha amada
  
  Que olhos os teus
  
  Quanto mistério
  
  Nos olhos teus
  
  Quantos saveiros
  
  Quantos navios
  
  Quantos naufrágios
  
  Nos olhos teus...
  
  
  
  Ó minha amada
  
  Que olhos os teus
  
  Se Deus houvera
  
  Fizera-os Deus
  
  Pois não os fizera
  
  Quem não soubera
  
  Que há muitas eras
  
  Nos olhos teus.
  
  
  
  Ah, minha amada
  
  De olhos ateus
  
  Cria a esperança
  
  Nos olhos meus
  
  De verem um dia
  
  O olhar mendigo
  
  Da poesia
  
  Nos olhos teus.