Raca
                          
                               Lá vem a força, lá vem a magia
  Que me incendeia o corpo de alegria
  Lá vem a santa maldita euforia
  Que me alucina, me joga e me rodopia
  
  Lá vem o canto, o berro de fera
  Lá vem a voz de qualquer primavera
  Lá vem a unha rasgando a garganta
  A fome, a fúria, o sangue que já se levanta
  
  De onde vem essa coisa tão minha
  Que me aquece e me faz carinho?
  De onde vem essa coisa tão crua
  Que me acorda e me põe no meio da rua?
  
  É um lamento, um canto mais puro
  Que me ilumina a casa escura
  É minha força, é nossa energia
  Que vem de longe prá nos fazer companhia
  
  É Clementina cantando bonito
  As aventuras do seu povo aflito
  É Seu Francisco, boné e cachimbo
  Me ensinando que a luta é mesmo comigo
  
  Todas Marias, Maria Dominga
  Atraca Vilma e Tia Hercília
  É Monsueto e é Grande Otelo
  Atraca, atraca que o Naná vem chegando