Tambores de Minas
                          
                               Era um, era dois, era cem
  Mil tambores e as vozes do além
  Morro velho, senzala, casa cheia
  Repinica, rebate, revolteia
  E trovão no céu é candeia
  Era bumbo, era surdo e era caixa
  Meia-volta e mais volta e meia
  Pocotó, trem de ferro e uma luz
  Procissão, chão de flores e Jesus
  
  Bate forte até sangrar a mão
  E batendo pelos que se foram
  ou batendo pelos que voltaram
  Os tambores de Minas soarão
  Seus tambores nunca se calaram
  
  Era couro batendo e era lata
  Era um sino com a nota exata
  Pé no chão e as cadeiras da mulata
  E o futuro nas mãos do menino
  Batucando por fé e destino
  Bate roupa em riacho a lavadeira
  Ritmando de qualquer maneira
  E por fim o tambor da musculatura
  O tum-tum ancestral do coração
  Quando chega a febre ninguém segura
  
  Bate forte até sangrar a mão
  Os tambores de Minas soarão
  Seus tambores nunca se calaram...