O Vai E Vem do Carreiro
                          
                               Carreiro vai, Carreiro vem
  Beirando matas, cordilheiras e espigões
  Na estrada azul dos matagais
  Lhe acompanham passarinhos vindos dos sertões
  
  No peito seu eu sei que tem
  Seis bois puxabdo o carro triste do seu coração
  É a saudade emparelhada com a lembrança
  O amor e a esperança, desespero e a solidão
  
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Rodando só pelo sertão cantando assim
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Na sua estrada de paixão que não tem fim
  
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Para bem longe do filhinho que ficou no lar
  Bem cedo sai e a tarde vem
  Deitar nos braços de Chiquinha sempre a lhe esperar
  
  Solta seus bois lá no curral
  Quando no morro surge o claro raio de luar
  Pega na viola pra cantar sua poesia
  Quando fora a brisa fria
  Vem com ele doetar
  
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Rodando só pelo sertão cantando assim
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Na sua estrada de paixão que não tem fim
  
  No vai e vem que o mundo dá
  Vai o seu rastro rabiscando pedras e areiões
  Dois riscos só
  Deixa no pó
  E o orvalho remulando sobre mil botões
  
  Igual ao sol passa por nós
  E a tarde deita no poente para repousar
  Solta a boiada de estrelas sintilantes
  Ruminando lá distante
  Pelos campos do luar
  
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Rodando só pelo sertão cantando assim
  Carreiro vai, Carreiro vem
  Na sua estrada de paixão que não tem fim