Sou o Mesmo Boiadeiro
                          
                               Em minha mocidade
  Também fui um boiadeiro
  Comprando e vendendo gado
  Nesse solo brasileiro
  
  Minha bota sanfonada
  Meu chapéu e meu bombacho
  Tangia minha boiada
  No lombo de um belo macho
  
  Uma espora reluzente
  Minha camisa xadrez
  Cavaleiro imponente
  Um verdadeiro burguês
  
  Na guaiaca um bom dinheiro
  Apurado na viagem
  Lá no bar dos boiadeiros
  Podia contar vantagem
  
  Na cidade onde eu passava
  Fascinava as donzelas
  Até as velhas me olhavam
  Pelas frestas das janelas
  
  O progresso foi mais forte
  Tirou minha profissão
  O gado de sul a norte
  Hoje vai de caminhão
  
  Em vez de chorar saudade
  Como muitos companheiros
  Vim embora pra cidade
  Me tornei caminhoneiro
  
  Em lugar do meu berrante
  Eu tenho uma buzina
  Com acordes dissonantes
  Pra mexer com as meninas
  
  Transporto gado de corte
  E também gado leiteiro
  Sou o mesmo cabra forte
  Sou o mesmo boiadeiro