A Última Nau
                          
                               Levando a bordo El-Rei D. Sebastião
  E erguendo, como um nome, alto o pendão
  Do Império
  Foi-se a última nau, ao sol aziago
  Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
  Mistério
  
  Não voltou mais. A que ilha indescoberta
  Aportou? Voltará da sorte incerta
  Que teve?
  Deus guarda o corpo e a forma do futuro
  Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
  E breve
  
  Ah, quanto mais ao povo a alma falta
  Mais a minha alma atlântica se exalta
  E entorna
  E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço
  Vejo entre a cerração teu vulto baço
  Que torna
  
  Não sei a hora, mas sei que há a hora:
  Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
  Mistério
  Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
  A mesma, e trazes o pendão ainda
  Do Império