De Gosto de Água e de Amigos
                          
                               Nada tem o gosto
  Do que nunca acaba
  É como beber água
  Na casa de amigos
  É como se abrigar
  Dos ventos
  E dos perigos
  É como se sentir
  No chão
  E bem guardado
  Porque mesmo o tempo
  Não desfaz a trama
  E as formas com
  Que o mundo feio
  Nos difama
  E as armas que
  Vêm contra nós
  Durante a vida
  Nada valerão na
  Casa dos amigos
  E nas intempéries
  Pedras dos caminhos
  Nos rodamoinhos
  De nossas caminhadas
  No sol dos desertos
  De outros desencantos
  Achar um recanto
  Que nos dê a noite
  Dias e pousadas
  E toda segurança
  Que descansa no corpo
  O agradecimento
  Que brota na alma
  Fazem do ardor da luta
  Um rude oposto
  Extrair do rosto
  O estranho gosto
  Do doce da água
  O estranho gosto
  Do doce da água