Conterraneos
                          
                               Eu venho vindo de longe
  Decisão antiga
  Trazendo nas mãos de espinho
  A ferramenta amiga
  Que pesam nos ombros largos
  Cidade fadiga
  Pesam nos ombros amargos
  Cidade fadiga
  
  De uma asa a outra asa
  Sou a distância da viga
  De uma asa a outra asa
  Entre chegada e partida
  Sou tudo que sou, candango
  Quando brasília ser ia
  Do plano piloto, plano
  Brasília ainda seria
  
  Era sol sobre a poeira
  Bandeira erguida
  Era livre a suadeira
  Nos intervalos da liga
  Chegava ao rancho a comida
  Certa vez, em bagadá
  Véspera da grande folia
  Trouxeram a boia pro rancho
  Sentida azeda feria
  Tantas fomes
  Tantas sedes
  Erguendo pedras, paredes
  Fadiga assim
  Em plena festa, agonia
  Diante de nós a boia
  Azeda, velha, ruim
  
  É carnaval no paris
  Nas distâncias do sem fim
  Povo ilude a alegria
  Entre blocos, serpentinas
  Pandeiro e tamborim
  
  Entre ferros retorsidos
  Da cidade em construção
  O frevo de alguns fervidos
  Gelando no caldeirão
  Eu vou para esta festa
  A minha da construção
  Cruzo os braços e olho fundo
  No poço do caldeirão