A Voz do Dono e o Dono da Voz
                          
                               Até quem sabe a voz do dono
  Gostava do dono da voz
  Casal igual a nós, de entrega e de abandono
  De guerra e paz, contras e prós
  Fizeram bodas de ace......tato de fato
  Assim como os nossos avós
  O dono prensa a voz, a voz resulta um prato
  Que gira para todos nós
  O dono andava com outras doses
  A voz era de um dono só
  Deus deu ao dono os dentes
  Deus deu ao dono as nozes
  Às vozes Deus só deu seu dó
  Porém a voz ficou cansada após
  Cem anos fazendo a santa
  Sonhou se desatar de tantos nós
  Nas cordas de outra garganta
  A louca escorregava nos lençóis
  Chegou a sonhar amantes
  E, rouca, regalar os seus bemóis
  Em troca de alguns brilhantes
  Enfim a voz firmou contrato
  E foi morar com novo algoz
  Queria se prensar, queria ser um prato
  Girar e se esquecer, veloz
  Foi revelada na assembléia-atéia
  Aquela situação atroz
  A voz foi infiel, trocando de traquéia
  E o dono foi perdendo a voz
  E o dono foi perdendo a linha que tinha
  E foi perdendo a luz e além
  E disse: Minha voz, se vós não sereis minha
  Vós não sereis de mais ninguém