O Que Será (Abertura)
                          
                               O que será que lhe dá
  O que será, meu nego, será que lhe dá
  Que não lhe dá sossego, será que lhe dá
  Será que o meu chamego quer me judiar
  Será que isso são horas dele vadiar
  Será que passa fora o resto do dia
  Será que foi-se embora em má companhia
  Será que essa criança quer me agoniar
  Será que não se cansa de desafiar
  O que não tem descanso, nem nunca terá
  O que não tem cansaço, nem nunca terá
  O que não tem limite
  
  O que será que será
  Que dá dentro da gente que não devia
  Que desacata a gente, que é revelia
  Que é feito uma aguardente que não sacia
  Que é feito estar doente de uma folia
  Que nem dez mandamentos vão conciliar
  Nem todos os unguentos vão aliviar
  Nem todos os quebrantos, toda a alquimia
  E nem todos os santos, será que será
  O que não tem governo, nem nunca terá
  O que não tem vergonha, nem nunca terá
  O que não tem juízo