Vai Passar
                          
                               Vai passar
  Nessa avenida um samba
  popular
  Cada paralelepípedo
  Da velha cidade
  Essa noite vai
  Se arrepiar
  Ao lembrar
  Que aqui passaram
  sambas imortais
  Que aqui sangraram pelos
  nossos pés
  Que aqui sambaram
  nossos ancestrais
  
  Num tempo
  Página infeliz da nossa
  história
  Passagem desbotada na
  memória
  Das nossas novas
  gerações
  Dormia
  A nossa pátria mãe tão
  distraída
  Sem perceber que era
  subtraída
  Em tenebrosas
  transações
  
  Seus filhos
  Erravam cegos pelo
  continente
  Levavam pedras feito
  penitentes
  Erguendo estranhas
  catedrais
  E um dia, afinal
  Tinham direito a uma
  alegria fugaz
  Uma ofegante epidemia
  Que se chamava carnaval
  O carnaval, o carnaval
  (Vai passar)
  
  Palmas pra ala dos
  barões famintos
  O bloco dos napoleões
  retintos
  E os pigmeus do bulevar
  Meu Deus, vem olhar
  Vem ver de perto uma
  cidade a cantar
  A evolução da liberdade
  Até o dia clarear
  
  Ai, que vida boa, olerê
  Ai, que vida boa, olará
  O estandarte do sanatório
  geral vai passar
  Ai, que vida boa, olerê
  Ai, que vida boa, olará
  O estandarte do sanatório
  geral
  Vai passar
  
  
  
  1986 © - Marola Edições Musicais Ltda.