Choro Bandido
                          
                               Choro bandido
  Edu Lobo - Chico Buarque/1985
  Para a peça O corsário do rei de Augusto Boal
  
  
  Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
  Serão bonitas, não importa
  São bonitas as canções
  Mesmo miseráveis os poetas
  Os seus versos serão bons
  Mesmo porque as notas eram surdas
  Quando um deus sonso e ladrão
  Fez das tripas a primeira lira
  Que animou todos os sons
  E daí nasceram as baladas
  E os arroubos de bandidos como eu
  Cantando assim:
  Você nasceu para mim
  Você nasceu para mim
  
  Mesmo que você feche os ouvidos
  E as janelas do vestido
  Minha musa vai cair em tentação
  Mesmo porque estou falando grego
  Com sua imaginação
  Mesmo que você fuja de mim
  Por labirintos e alçapões
  Saiba que os poetas como os cegos
  Podem ver na escuridão
  E eis que, menos sábios do que antes
  Os seus lábios ofegantes
  Hão de se entregar assim:
  Me leve até o fim
  Me leve até o fim
  
  Mesmo que os romances sejam falsos como o nosso
  São bonitas, não importa
  São bonitas as canções
  Mesmo sendo errados os amantes
  Seus amores serão bons