Rebichada
                          
                               Não me importa trabalhar pra cachorro
  O jumento é meu igual
  Morro muito mais que gato no morro
  Quando chega o carnaval
  Sou eu quem cutuca o galo, viu
  Pro galo cocorocar
  Mas se pisam no meu calo
  Não me calo
  Eu tenho que falar
  Como falo
  
  Au, au, au, hi-ho, hi-ho
  Miau, miau, miau, cocorocó
  Essa história é mais velha que a história
  Dos tempos de glória do velho barão
  Quem não sabe de cor essa história
  Refresque a memória e me preste atenção
  Não sou eu quem repete essa história
  É a história que adora uma repetição
  Uma repetição
  
  Sou eu que distraio o galo, de fato
  Quando a outra vai chocar
  Sou eu quem arruma cama de gato
  Ponho o gato pra mijar
  Beijo a mão de vira-lata, sim
  Chamo burro de doutor
  Mas se alguém me desacata
  Maltrata meu brio
  E meu valor
  Largo a pata
  
  Au, au, au, hi-ho, hi-ho
  Miau, miau, miau, cocorocó
  Essa fábula vem de outro século
  Pelo fascículo de um alemão
  O irmão do alemão deu prum nego
  Que vendeu prum grego
  Por meio milhão
  Esse grego morreu de embolia
  E deixou para a tia
  O que tinha na mão
  Essa tia casou com um pirata
  E afundou com a fragata
  Lá no Maranhão
  Essa lenda rolou na fazenda
  Moeu na moenda
  E espalhou no sertão
  E eu não nego que roubei dum cego
  E inda ponho no prego
  Pra comprar meu pão
  Não sou eu quem repete essa história
  É a história que adora
  Uma repetição
  Uma repetição