O Rei de Ramos
                          
                               Ele disse pra escola caprichar
  No desfile da noite de domingo
  Com ginga, com fé
  Pediu muita cadeira a requebrar
  Muita boca com dente pra caramba
  E samba no pé
  De repente o pandeiro atravessou
  De repente a cuíca emudeceu
  De repente o passista tropeçou
  E a cabrocha gritou que o nosso rei morreu
  
  Viva o Rei de Ramos
  Que nós veneramos
  Que nós não cansamos de cantar
  Viva o rei dos pobres
  Que gastava os cobres
  Nas causas mais nobres do lugar
  Viva o rei dos prontos
  Que bancava os pontos
  Que pagava os contos do milhar
  Viva o Rei de Ramos
  Viva o Rei, viva o Rei
  Viva o Rei de Ramos
  
  Os seus desafetos e rivais
  Misericordioso, não matava
  Mandava matar
  E financiava os funerais
  As pobres viúvas consolava
  Chegava a chorar
  De repente gelou o carnaval
  De repente o subúrbio estremeceu
  E a manchete sangrenta do jornal
  Estampou garrafal que o nosso rei morreu
  
  Viva o Rei de Ramos
  Que nós veneramos
  Que nós não cansamos de cantar
  Viva o rei dos crentes
  E dos penitentes
  E dos delinqüentes do lugar
  Viva o rei da morte
  Da lei do mais forte
  Do jogo, da sorte
  E do azar
  Viva o Rei de Ramos
  Viva o rei, viva o rei
  Viva o Rei de Ramos
  
  
  
  1979 © by Cara Nova Editora Musical Ltda