Caçada de Onça
                          
                               Fui fazer uma caçada que é da minha inclinação
  Nas terras de Mato Grosso bem no centro do sertão
  Despedi da minha muié, dos meus fio e meus irmão
  Adeus meu pai, minha mãe, que eu não sei se vorto ou não
  
  Muntei no meu burro baio que tem nome de Colosso
  Dei um nó no lenço preto amarrado no pescoço
  Levei minha cachorrada, pra pegá faiz arvoroço
  Carabina e bão facão, muita bala e chumbo grosso
  
  Eu entrei numa picada rezando e pedindo graça
  Me enroscando no cipó quase que o cipó me laça
  Encontrei com uma pintada, minha gente que desgraça
  Eu dei um tiro na onça ela veio na fumaça
  
  Dei um galeio no corpo, gritei pra Virgem Maria
  Estourei mais dois balaço respondeu na serrania
  Eu acertei na pintada que aos poucos se estremecia
  Olê, lê, oh! minha gente, quase quase que eu morria
  
  Quem chegá no meu ranchinho com prazer eu mostrarei
  O couro duma pintada, tem quinze parmo, eu contei
  Tem dois buraco de bala fui eu memo que atirei
  Mas por causa dessa onça quanto medo que eu passei
  
  (Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)