Mágoas de Carreiro
                          
                               O progresso me arruinou, ai
  Minha vida de carrêro
  Meu carro tá se estragando, ai
  Sem abrigo no terreiro
  
  O que mais meu coração padece
  No romper da madrugada
  Me alembro dos campo amigo
  Do estradão e da boiada
  
  Me alembro da sua cantiga
  No morro mais perigoso
  Chuchando meus boi valente
  Pintado, Rosio, Barroso
  
  O seu canto tão sereno
  Se tinha sol ou chovia
  Sôdade companheira
  Das tristeza e da alegria
  
  Meu carro não canta mais
  Meu carro emudeceu
  A boiada companheira
  Toda meu patrão vendeu
  
  Não posso mais carreá
  Pro mode dos caminhão
  Sôdade daquele tempo
  Das estrada do sertão
  
  Me alembro da sua cantiga
  No morro mais perigoso
  Chuchando meus boi valente
  Pintado, Rosio, Barroso
  Pintado, Rosio, Barroso
  
  (Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)