Chico Beleza
                          
                               Pelas areia da estrada
  Com as perna já meio bamba
  Um despotismo de gente
  Vinha cantando num samba
  Fazendo um grande berreiro
  
  E quem puxava a estrovanca
  Era o Mané Cachaceiro
  O mais grande dos violeiro
  Que em todo o sertão gemia
  E era anssim que ele cantava
  E no canto anssim dizia
  
  (Diz os véio de outras era
  Que quando São João sentia
  Sôdade de Jesus Cristo
  E da sua companhia
  Garrava logo na viola
  Pra chorá sua sôdade
  E a sua melancolia)
  
  Entonce logo os apóstro
  Assombrando o istruvío
  Cada um seu pé de verso
  Cantava no desafío
  
  A Mãe de Cristo chorava
  E as água que derramava da fonte do coração
  Caía nas corda santa
  Da viola de São João
  
  Pru via disso é que o pinho
  Instrumento sem rivá
  Quando se põe-se chorando
  Se põe-se a gente a chorá
  
  Foi aí, nesse festêro
  Que eu vi o Chico Sambêro
  Um sambadô sem segundo
  Mas porém, feio, tão feio
  Que toda a gente dizia
  Que foi o home mais feio
  Que Deus botou nesse mundo
  
  Tinha a cara de priguiça
  Cabeça de mano véio
  E pescoço de aribú
  A boca quando se ria
  Taquarmente paricia
  A boca de um canguru
  
  Tinha as orêia de porco
  E os dente de caitetú
  Tinha barriga de sapo
  E o nariz impipocado
  Figurava um ginipapo
  
  Os braço era taliquá
  Dois braço sirigaitado
  Dum véio tamanduá
  Os óio, dois birimbau
  As perna fina alembrava
  As perna dum pica-pau
  
  O queixo de capivara
  Tinha um bigode pur riba
  Que quáge tapava a cara
  Os cabelo surupinho
  Era sem tirá nem pô
  Cabelo de porco-espinho
  
  Im concruzão, pra findá
  Tinha os dedo de gambá
  Os ombro redondo e chato
  E os pé que nem pé de pato
  
  Inda mais, pra cumpretá
  Aquela xeringamança
  E feiúra de pagode
  Oo home quando se ria
  Era um cavalo rinchando
  E quando táva suando
  Tinha um ôroma de bode
  
  A pois bem! esse raboêza
  Que era pru todas as bôca
  Chamado Chico Beleza
  Esse horrive lubisome
  Que era mais feio que a fome
  Mais feio que o demo inté
  
  Quando as perna sacudia
  Sambando nargum banzé
  Infeitiçando as viola
  Apaxonando as muié
  Trazia toda as cabôca
  Cumo um capaxo, dibaxo
  Das duas sola do pé