Lenço Preto
                          
                               Lenço Preto ela apelido
  De um peão bem conhecido
  Um rapaz ainda moço
  Apelido que foi dado
  Por trazer sempre amarrado
  Um lenço preto no pescoço
  
  Lenço Preto era querido
  Era um cabra distorcido
  Sempre rindo
  Tinha um cavalo bem arriado
  E o arreio prateado
  Vivia sempre reluzindo
  
  Nas festança, aquele moço
  Como o lenço preto no pescoço
  Era o chá da morenada
  E todas as moça que ele via
  Muita briga elas fazia
  Pra sê sua namorada
  
  Lenço Preto não ligava
  E a vida ele levava
  Sem sabê o que era o amô
  Quando um dia de tardinha
  Encontrou uma moreninha
  E daí se apaixonô
  
  E disse como quem ama
  Menina, como se chama?
  Não qué sê minha muié?
  Eu sô a Rosa, ela responde
  Só fia do Zé Marconde
  Mas sua serei se o ocê quisé
  
  Lenço Preto um dia topô
  Com Marconde e falô
  Tudo quanto desejava
  O Marconde ficô muito atrapaiado
  E chamando o moço ansim pro lado
  Contô o que se passava
  
  Óia, nóis criemo essa menininha
  Desde bem pequenininha
  Mas ela não sabe de nada
  Mas se é esse o seu intento
  Eu permito o casamento
  Lenço Preto ocê me agrada!
  
  Quando foi seis mês depois
  Já tava os dois
  Na capela se casando
  Nisso entra de repente
  Com espanto dos presente
  Um estranho e foi chegando
  
  Chamô o padre ansim do lado
  E lhe deu argum recado
  Que o padre amarelô
  Lenço Preto quis sabê
  O aquilo vinha a sê
  E o padre entonce falô
  
  Lenço Preto, um momento!
  Tá suspenso o casamento
  Ocê resorva a situação
  Isso, isso é duro eu bem sei
  Mas é contra a nossa lei
  Casá irmão com irmão
  
  Quando foi no outro dia
  Tudo o povo já sabia
  Que encontraro dois defunto
  E um bilhete tava lá
  Disto nóis não se casá
  Resorvemo morrê junto
  
  (Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)