Maquina de Ritmo
                          
                               Máquina de Ritmo
  Tão prática, tão fácil de ligar
  Nada além de um bom botão
  Sob a leve pressão do polegar
  Poderei legar um dicionário
  De compassos pra você
  No futuro você vai tocar
  Meu samba duro sem querer
  
  Máquina de Ritmo
  Quem dança nessa dança digital
  Será por exemplo
  Que o meu surdo ficará mudo afinal
  Pendurado como um dinossauro
  No museu do Carnaval
  Se você aposta que a resposta é sim,
  Por Deus mande um sinal
  
  Máquina de Ritmo
  Programação de sons sequenciais
  Mais de 100 milhões de bambas
  De escolas de samba virtuais
  Virtuais, virtuosas vertentes
  De variações sem fim
  Daí por diante sambe avante
  Já sem precisar de mim
  
  Máquina de Ritmo
  Quem sabe um bom pó de pirlimpimpim
  Possa deletar a dor de quem
  Deixou de lado o tamborim
  Apesar do seu computador
  Ter samba bom, samba ruim
  Se aperto o botão, meu coração
  Há de dizer que é samba sim
  
  Máquina de Ritmo
  Processo de algoritmos padrões
  Múltiplos binários e ternários,
  quarternários sem paixões
  Colcheias, semi-colcheias,
  Fusas, semi-fusas, sensações
  Nos salões das noites cariocas
  Novas tecno-ilusões
  
  Máquina de Ritmo
  Que os pós-eternos hão de silenciar
  Novos anjos do inferno vão
  Por qualquer coisa em seu lugar
  Quem sabe irão lhe trocar por um
  Tal surdo mudo do museu
  E Bandos da lua virão se encontrar
  Numa praia toda lua cheia prá lembrar você e eu
  
  Moreno, Domenico, Cassim
  Assim meus filhos, filhos seus
  E Bandos da lua virão se encontrar
  Numa praia toda lua cheia prá lembrar
  Só prá lembrar,
  Só pra cantar,
  Só prá tocar,
  Só pra lembrar
  Você e eu.