Pode Waldir
                          
                               Pra prefeito, não
  Pra prefeito, não
  E pra vereador:
  Pode, Waldir? Pode, Waldir? Pode, Waldir?
  
  Prefeito ainda não pode porque é cargo de chefia
  E na cidade da Bahia
  Chefe!, chefe tem que ser dos tais
  Senhores professores, magistrados
  Abastados, ilustrados, delegados
  Ou apenas senhores feudais
  Para um poeta ainda é cedo, ele tem medo
  Que o poeta venha pôr mais lenha
  Na fogueira de São João
  
  Se é poeta, veta!
  Se é poeta, corta!
  Se é poeta, fora!
  Se é poeta, nunca!
  Se é poeta, não!
  
  O argumento é que o momento é delicado
  E prum pecado desse tipo
  Pode não haver perdão
  Mudança é arriscado, muda-se o palavreado
  Mas o indicado
  Isso ele não muda, não
  O indicado deve ser do tipo moderado
  Com um mofo do passado
  Peça do status quo
  
  Se é poeta, veta!
  Se é poeta, corta!
  Se é poeta, fora!
  Se é poeta, nunca!
  Se é poeta... oh!
  
  O certo poderia ser o voto no Zelberto
  Mas examinando mais de perto
  Ele tem que duvidar
  A dúvida de que a Bahia tenha um dia tido a primazia
  De nos dar folia
  De nos afrocivilizar
  Pra ele civilização é a França que balança
  No seu peito de homem direito
  Homem de jeito sutil
  
  Se é poeta, veta!
  Se é poeta, corta!
  Se é poeta, fora!
  Se é poeta, nunca!
  Se o poeta é Gil!
  
  Pra prefeito, não
  Pra prefeito, não
  E pra vereador:
  Pode, Waldir? Pode, Waldir? Pode, Waldir?